Delírio

Se antes tinha dúvida,
Agora sei de fato,
Não sou pessoa lúcida,
Escarro, cuspo e sou ingrato.

Em que delírio me vi?
Acreditar que poderia algo,
Quão tolo fui aí.
Mais uma vez, cavalgo.

Mas que jornada solitária,
Devo manter-me firme sem um farol,
Sinto-me acometido por malária,
Fraquejo e recolho, como dói o anzol.

Sou simples insignificante,
Objeto de uso e descarte,
Posso ter aproveitado o instante,
Não percebi o fim chegar, destarte.

Não me encaixo em nenhum lugar,
Sou criatura solitária,
Posso ter ilusão de encontrar,
Mas a ligação é precária.

Volto pois ao meu repouso,
Ali não serei perturbado.
Posso querer, mas não ouso,
Que nosso tempo fosse esticado.

Renovação

Mais um ciclo chega ao fim,
Podemos descansar assim,
Sabendo que o esforço
Fora maior que o desgosto.

É o fim de mais um elo,
Não permaneça em flagelo.
Uma oportunidade lhe surge
Com o esforço que lhe urge.

Pra que tão pouca ambição?
O anseio e desejo é emoção.
Ou destas coisas não te apraze
E te contentas com uma só frase?

Aproveitemos o ensejo,
Vivamos a vida com desejo.
Para crescer, a dor faz parte,
Mas podemos dela, fazer arte.

Soneto do Amigo

Soneto do Amigo

Amigo é aquele que estende a mão,
Não precisa dizer sim ou não.
Aquele em quem se confia,
Não importando o tema da poesia.

Com ele, podemos tudo,
Seja careca ou barbudo.
Estando um sorriso no rosto,
É o que lhe faz gosto.

Aquele, que pra tudo lhe serve
Sem olhar o que recebe
Chamá-lo podes de que quiserdes.

Não esqueça, porém,
Que a ele também convém
Compartir emoções que tiverdes.

Jogo da Sedução

Dá-lhes a ilusão.
Semeie os pensamentos.
Faça pensar na razão,
Eles não sabem no momento.

Toma-lhes o controle,
Mova no xadrez,
Permita mais uma diástole.
Pare, tire a timidez.

A sedução é apenas um jogo.
Ganha quem soa o gongo.
Se faz parte integrante da vida.

Sedução é uma peça.
Não deu, despeça,
Busque outra partida.

Mulher Sedutora

Mulher sedutora
Controla qualquer homem.
Leva-os à loucura e pasmem,
Seu olhar já vos acalora.

Vossa profissão
Tem poder de caixão.
Como gostas da sedução,
Ai, que paixão

Vossa beleza excita,
Nos leva à euforia,
A mais genuína alegria.

Sente-se como uma cascata
Toda a pressão exercida
Para não te ver sofrida.

Conselhos a um amigo

Quando o vazio se instaura,
Amigo, não tens salvação.
Podes não mostrar na cara,
Mas e algo que denota a tua ação.

Teus olhos perdem a emoção,
Nada resta em tua posse.
Acabas por não dar atenção
A toda tristeza que voce tosse

Por que tanto sofrimento?
Ja me chega de lamento,
Também não quero a redenção.

Solidão, sai de mim,
Não te quero assim,
Tens que me dar opção.

Poema e poeta

O poeta escreve,
O leitor lê,
Não é para isso que serve
as letras que podem ver.

O estudioso examina,
O apaixonado chora,
É uma verdadeira mina
Se emoção que ele aflora.

Para que serve o poema?
Para dizer a quem se ama
Os pensamentos dedicados.

Para que servem os poetas?
Para sofrer em suas portas
E morrer despedaçados.